Mão na taça

Toques curtos, velocidade e experiência. Essas são algumas das características do futebol argentino, mas ontem, o Internacional mostrou ao Estudiantes como se joga uma decisão. A equipe gaúcha neutralizou a entrada da área e os argentinos só conseguiam incomodar nos chuveirinhos. Vale ressaltar a firmeza do bom goleiro Lauro, que saiu com perfeição em todas as bolas.

Mesmo com a expulsão do motorzinho Guiñazu, o Inter não se abateu. Tite recuou D’Alessandro e Alex, para junto com Magrão e Edinho, formarem uma linha de quatro atletas no meio. Além disso, a defesa colorada foi bem pelo miolo com Álvaro e Índio e Bolívar e Marcão ajudaram quando necessário.

O gol gaúcho saiu em uma jogada de pura esperteza entre D’Alessandro e Nilmar, que sofreu penalti. Coitado do Desábato, nunca vai chegar na frente do Nilmar. Alex, com a costumeira categoria fez o gol da partida. Uma pena, pois o resultado poderia ter sido melhor, se o auxiliar não marcasse impedimento inexistente do Nilmar, que sairia na cara do gol.

No segundo tempo, como era de se esperar, o Estudiantes, comandado por Verón e pela fanática torcida, pressionou, mas nada que assustasse o time brasileiro. O Inter poderia ter tocado mais a bola, mas o resultado foi sensacional e a taça está cada vez mais perto de Porto Alegre!

Mais uma vítima

Falar que o São Paulo joga um futebol competitivo é chover no molhado. Fazendo uma análise dos principais times do mundo, acredito que o tricolor paulista joga o futebol mais eficiente de todos. É impressionante a capacidade de marcação e chegadas precisas no ataque.

Há de se ressaltar o trabalho do Muricy Ramalho. Que treinador! Fez jogadores contestadíssimos pela própria torcida, jogar bola. E fora que todo campeonato sempre apresenta uma novidade da base. O menino Jean tem grande futuro. O Vasco tentou fazer o tradicional abafa, incentivado por sua torcida, mas a eficiência são-paulina falou mais alto. Muito mais alto.

É verdade que os dois gols foram de bola parada, mas nos contra-ataques, o São Paulo foi minando o adversário, como faz sempre. São 16 jogos de invencibilidade, com um futebol seguro e convincente. Só uma catástrofe tira o título do Morumbi!

Na parte debaixo da tabela, mais uma vergonha para a torcida santista: 5 a 1 para o Coritiba. Impressionante como o Santos não traduz em gols a posse de bole e chances criadas. Alguns jogadores andam em campo e qualquer contra-ataque é sinal de perigo. O risco de rebaixamento é remoto, mas 2008 foi um ano para apagar da memória.

Lição de casa

A 35ª rodada mostrou a tônica desse Brasileirão: quem joga em casa leva a melhor. Os dez mandantes saíram de campo com a vitória. Uns tem muito a comemorar, como o São Paulo, para outros, como o Goiás, foi só para cumprir tabela e ainda tem o caso do Ipatinga, que ganhou, mas ainda continua com lama na cabeça. Abaixo segue uma breve análise de todos os resultados da rodada, que começou na última quarta-feira.

Atlético Mineiro 4 x 1 Vasco
(Mineirão)
Após boas exibições contra Goiás, Fluminense e Santos, o Vasco voltou à dura realidade da temporada e foi facilmente goleado pelo Galo. A fragilidade da zaga carioca é impressionante. E novamente o Vasco teve um pênalti duvidoso a favor.

Fluminense 3 x 1 Portuguesa
(Maracanã)
Novamente a Lusa mostrou que poderia estar em outra situação, especialmente no 1º tempo. Mas na segunda etapa, René Simões mudou bem a equipe e infernizou o adversário pelas pontas.

Náutico 5 x 2 Cruzeiro
(Aflitos)
Agora está mais do que provado que o máximo para o Cruzeiro é uma vaga na Libertadores. Alguém imagina o São Paulo levando de cinco do Náutico? O Cruzeiro tem ótimos jogadores, mas a mentalidade defensiva de Adilson Batista atrapalha. Náutico segue vivo!

Ipatinga 3 x 0 Sport
(Ipatingão)
Impressionante como o Sport tirou o pé após alcançar uma pontuação que garantisse a permanência na Série A. Compreensível, mas preocupante, pois 2009 é ano de Libertadores. Quanto ao Ipatinga, só mesmo um milagre para evitar o rebaixamento.

Goiás 3 x 1 Botafogo
(Juscelino Kubitschek)
Paulo Baier aprontou novamente com três gols e levou o Goiás à 6ª posição no campeonato. Impressionante recuperação! Já o Bota segue em queda e mostra muitos problemas, fora os extra-campo.

Flamengo 5 x 2 Palmeiras
(Maracanã)
Jogo de alto nível. O Flamengo atacando o tempo inteiro e não dando sossego ao Palmeiras, que em contrapartida segue dependendo muito de Kleber e Diego Souza. O Mengo conta com melhores opções (Ibson que deu show, Kleber, Juan e Léo Moura). A situação do Palmeiras tende a melhorar, já que na próxima rodada encara o Ipatinga em casa, enquanto o Flamengo pega o Cruzeiro no Mineirão. Luxemburgo foi duas vezes ao Maracanã, escalou três zagueiros (esquema condenado pelo próprio Vanderlei) e perdeu por três gols de diferença (3 a 0 pro Flu e 5 a 2 pro Fla).


São Paulo 3 x 1 Figueirense
(Morumbi)
Um rolo compressor. Foi isso que o Figueirense encontrou no Morumbi lotado. O São Paulo fez o que tinha de ser feito e mostra a todos como jogar ofensivamente mesmo com três zagueiros. Borges segue decisivo, mas a maior prova de fogo será no próximo fim de semana, em São Januário. O lado bom para os são–paulinos é o fato de que o time cresce em jogos decisivos. O Figueira é outro que vai precisar de praticamente um milagre para se safar. E pior, vai ver seu rival Avaí na Série A, podendo estar na Série B.

Grêmio 2 x 1 Coritiba
(Olímpico)
O Grêmio continua vivo na luta pelo título. Com dois gols contando com a sorte, o tricolor bateu o bom time do Coritiba. Na próxima rodada, um triunfo contra o Vitória, pode dar a liderança aos gaúchos, já que o São Paulo vai enfrentar um desesperado Vasco no caldeirão de São Januário.

Santos 1 x 0 Internacional
(Vila Belmiro)
Que jogo feio! O Santos foi péssimo durante os 90 minutos e a molecada do Inter mostrou ter valor. Tirando Roberto Brum e Quiñonez, que entrou bem, o Peixe mostrou um futebol confuso e sem jogadas agudas. Cuevas e Bida não acertaram absolutamente nada. Molina foi bem marcado e a bola não chegou em Kleber Pereira. Ao menos, Márcio Fernandes deslocou Kleber para o meio e melhor o passe na segunda etapa. Quiñonez acertaria a bandeirinha do escanteio, mas a bola encontrou Gustavo Nery e morreu nas redes de Lauro. Sorte de Série A!

Atlético Paranaense 2 x 1 Vitória
(Arena da Baixada)
No duelo de rubro-negros, melhor para o paranaense, que novamente contou com a cabeça de Rafael Moura. Aos poucos o Furacão vai se safando e garantindo permanência na elite em 2009.

Futebol de campeão no Jalisco

Jogando com segurança, bom toque de bola e forte marcação, o Internacional engoliu o Chivas Guadalajara. O esquema montado por Tite, com os dois laterais (Bolívar e Marcão) de características defensivas, dá aos jogadores de meio-campo muito mais liberdade para ajudar a melhor dupla de ataque do Brasil: Alex e Nilmar.
Magrão, Guiñazu e D’Alessandro (ontem substituído por Andrezinho) chegam constantemente ao ataque e auxiliam Nilmar e Alex, que se movimentam sem parar. Mesmo com a má fase do adversário, é sempre difícil enfrentar equipes mexicanas, na terra do Chaves.
O jogo de volta é só para cumprir tabela, pois o raio não cai duas vezes no mesmo lugar, como caiu no jogo entre América e Flamengo pela Libertadores. O time gaúcho é o grande favorito para o título da Sul-Americana. Só resta saber os motivos da campanha apenas mediana no Brasileirão.

Puro sangue

A arrancada do São Paulo no 2º turno não me impressiona. Desde que Muricy Ramalho assumiu a equipe, o time ficou altamente competitivo e entra como favorito em todos os campeonatos que disputa.
Caso vença os últimos quatro compromissos (Figueirense e Fluminense no Morumbi, Vasco e Goiás fora), o São Paulo chegará aos 77 pontos, mesmo número do ano passado, e um a menos do que os 78 de 2006. Ou seja, a regularidade são-paulina impressiona até mesmo o mais cético dos torcedores, que cobrava um futebol mais vistoso.
É impossível ficar 13 jogos sem perder, sendo quatro vitórias consecutivas, sem jogar bem. Por isso, o tricolor caminha a passos largos para o tricampeonato consecutivo e só depende de suas forças.